06 outubro 2008

PING-PONG - Semente da Paz

Como prometido trazemos para vocês o Ping-Pong com a galera da Semente da Paz. O pessoal da banda falou sobre os princípios da filosofia Rasta e também do som que fazem. Aproveitem esse bate-papo para conhecer um pouco mais o trabalho desse grupo, que faz do Reggae um estilo de vida.


Como se formou a banda?

Em maio de 2002, nos reunimos Eu(Mário)(foto),Daniel, Paulo, Ari, Jardel, Maurício e Neyver para tocar reggae. Já éramos amigos de infância e foi bem natural. Todos gostavam de Reggae, não apenas pela musicalidade, mas por compreender o que a música reggae representa, por entender o que as letras falam e, principalmente, porque o reggae foi a porta de entrada de Deus em nossas vidas, porque o Reggae é Luz.

Ao longo dessa caminhada, tivemos experiências com alguns músicos, e hoje a Semente da Paz é formada por Daniel Pontual (Voz/Guitarra solo), Mário Gomes (voz/guitarra solo), Paulo César (baixo), Jardel Cruz (Nyabinghi), Rick Vieira (teclados), Jorge Dubman (bateria), Dudu Lion (Guitarra base), Camilla Faria (Backing Vocal).


Qual foi a principal motivação para de transformar um hobby em trabalho?

Quando você ama o que faz você quer sempre dar o melhor de si. E no caso da música, ela é uma continuação das nossas vidas. É um trabalho que sempre fizemos de coração mesmo, por Amor. De tanto Amor deu certo.

Não tem como ser diferente, entende? A relação que temos com a música Reggae é muito forte, é um sentimento muito puro. É a busca pela Verdade, pelo refinamento espiritual. É uma das maneiras de interagir com a sociedade, principalmente com a juventude. O Reggae é música que fala do Divino. Fala de respeito ao próximo, de união, amor incondicional. O mundo, a nossa cidade, precisa muito disso. Principalmente a nova geração.

Estamos representando uma geração que quer falar, que não quer ficar parada vendo as coisas acontecerem. Uma geração que hoje colhe o que foi plantado num passado não tão distante. Uma geração que não teve a oportunidade de ter um microfone na mão para expressar o sentimento que anseia o coração de milhões de pessoas: a Paz.


Qual a influência do rastafarismo nas letras que vocês apresentam?



Rastafari é Vida!

Muitas pessoas acham que ser Rasta é ter o cabelo embaraçado em longas tranças. Rastafari não é isso.
Rastas são pessoas que buscam a Verdade. Os Rastas são servos de Deus, são pessoas que buscam o caminho do Cristo. Rastafari é Amor e Justiça. Não é preciso ter Dreads para ser Rasta. Conheço muitos Rasta de coração que não tem dreads. Ser Rasta é ter um coração bom. É buscar o bem.

Vejam quantas pessoas tem cabelo Dread e não praticam o Amor que nos foi ensinado por Yeshua. Uma árvore é reconhecida pelos seus frutos. A influencia para nós é que foi através de Rasta que nós encontramos a Luz. Existem muitas formas de encontrar a Paz. Seja no Budismo, Candomblé, Espiritismo, enfim.

Se você é um ser do bem não vai se envolver com coisas erradas.
A maneira que nós da Semente da Paz reconhecemos é Rastafari. Respeitamos a escolha de cada um dos nossos Irmãos. Mas no nosso entendimento, Rastafari é a prova da existência do Cristo. É a manifestação da Raiz de David, Salomão, Isaac, Jacó na Terra. E é por isso que cantamos salmos ao Rei dos Reis.


Na Bahia o reggae tem mais visibilidade que outros gêneros independentes?

Independente é independente em qualquer lugar da Bahia. A cena é fechada mesmo para todos os trabalhos independentes. A visibilidade vem com muito trabalho, dedicação e honestidade. Não só no meio musical mas em qualquer trabalho que você faça.

Hoje com a globalização e internet, as pessoas não estão mais aceitando qualquer coisa, não! Hoje você tem ferramentas que te possibilitam buscar o que você quer. Então o trabalho independente tem crescido e a tendência é aumentar o espaço. Hoje você tem como se produzir. O que era uma ilha agora é aldeia global.

Claro que a maioria da população ainda não tem acesso a essas novas tecnologias, mas vemos a proliferação de lan houses nos bairros. O sistema criou a máquina, mas perdeu o controle. Agora é comunicação 2.0. Agora está existindo um diálogo, e não aquele velho monólogo.


Vocês sofrem algum tipo de preconceito pelo estilo de música que tocam, e pela filosofia que seguem?

De forma nenhuma! Muito pelo contrário. O nosso público tem crescido bastante, temos muitos amigos e gostamos de conhecer pessoas novas. O Rastafari hoje é realidade mundial. Existe Rastafari no mundo todo. Temos contatos com Bandas de várias partes do Brasil e nosso público tem crescido em outros estados também.

Já tocamos algumas vezes em São Paulo e as portas estão se abrindo cada vez mais. O preconceito aos poucos está sendo quebrado pela própria postura que hoje os Rastas assumem. Vale lembrar que a velha guarda Rastafari é que lutou muito para que hoje, nós da nova geração, possamos ter mais liberdade.

Existem várias associações Rastas pelo Brasil. Em São Paulo existe em São Miguel Paulista, a Associação Cultural Reggae, de Ras Alfredo que faz um trabalho muito forte de Resgate e disseminação da Cultura Rasta. Aqui em Salvador temos a Associação Cultural Nova Flor com Ras Sidney, na Av. Vasco da Gama, que também promove encontros e debates sobre diversos temas e já conta com a biblioteca Marcus Garvey. Existe também a Associação Aspiral do Reggae.


* Todas as imagens foram retiradas da internet.

Nenhum comentário: